domingo, 19 de maio de 2024
Publicado em 15/07/2021 às 17:00

Um nobre dinamarquês em Santo Ângelo (Parte II de III)

Assim, como o príncipe dinamarquês Hamlet, na tragédia de William Shakespeare, que ouvia os desígnios de seu pai -  o rei morto -, parece-nos que o nobre dinamarquês Frode Uffo Johansen, que em 1897 veio para Santo Ângelo, sofria de similar impulso que em seu interior o induzia a fundar uma nova comunidade.  

Entre 1897 e 1898, Frode comprou duas propriedades que correspondiam ao total de 5.850 hectares. Usando seus conhecimentos de agrimensor, Frode, foi logo medindo e demarcando a propriedade, loteando-a em 234 frações de 25 hectares cada uma. Formando cinco linhas ou distritos, que ele nomeou como: Linha do Meio, Linha Burity, Atafona, Olhos d´Água e Ressaca. 

Incansável, Frode realizou o próximo passo: passou a virada de século a viajar pelas colônias alemãs do Sul do Brasil, conhecidas como velhas colônias, onde selecionou em sua maioria famílias simples, mas que demonstravam atitudes de fortes traços de labor e cultura e mostravam em seus olhos uma recomendação de sinceridade. 

Frode, apresentava-se como luterano, porém não rechaçou em sua busca nenhum personagem em virtude da sua religião, dividiu a nova comunidade assentando no centro da comunidade os protestantes e na colônia ao lado os católicos. Reconhecendo a religião como uma forma de união do homem com Deus, ele mesmo foi o responsável pela edificação da igreja luterana, aqui conhecida como igreja luterana de confissão alemã, pois logo mais chegaria a comunidade, a igreja luterana da vertente vinda dos Estados Unidos e construiriam, também um igreja católica.  

Quase que antes mesmo de realizarem a construção de suas casas, os primeiros moradores deram preferência sobre as ordens de Frode para que fossem construídas a igreja e a escola, no caso da escola, notou-se quase uma diacronia com a prática da época, mas Frode foi inflexível nesta necessidade, selecionando ele mesmo os futuros professores vindos da Alemanha. Edificou, também, a “Casa do Imigrante”, para fins de hospedar os primeiros moradores enquanto aguardavam a construção de suas casas. Em poucos anos de dedicação e com o que considerava uma rigorosa seleção de novos moradores a comunidade logo começou a prosperar, edificaram-se serrarias, moinhos, cervejaria, fábrica de óleo de linhaça, de carrocerias, curtição de couro, selaria, ferraria, marcenaria, sapataria e casas comerciais.  

A nova comunidade desenvolve-se rapidamente concorrendo em muitos aspectos com o centro da cidade de Santo Ângelo, a qual pertencia.  


     Esta rica história seguirá na próxima edição. 



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