Publicado em 09/06/2021 às 14:00

Carlos Antonio, o Guardião de Santo Ângelo (Parte II - O nascimento)

Por que Santo Ângelo, merece uma rua com o nome de Carlos María de Alvear? 

Continuamos aqui a história que demos início na edição passada, onde relatamos a rica história de Diego de Alvear y Ponce de León, que veio a ter 9 filhos em Santo Ángel Guardián de las Misiones, Vice-Reino do Rio da Prata, hoje nossa atual Santo Ângelo.

Carlos María de Alvear, nascido em 25 de outubro de 1789, em Santo Ângelo, recebeu em seu batismo o nome de Carlos Antonio del Santo Ángel Guardián, primogênito do fidalgo espanhol Diego de Alvear y Ponce de León e da portenha María Balbastro. O nome cristão incluiu o Santo Anjo da Guarda por ser o epônimo e patrono da cidade em que nasceu: Sant’Angel Custódio (para nós, Santo Ângelo Custódio), na época, já ex-redução jesuíta nas Missões Orientais. Levar em seu nome o Anjo da Guarda, pode ter tido sua valia, pois em 1801 o território é conquistado pelos portugueses e em 1804 seu pai, conforme já mencionamos aqui, na edição passada (Carlos Antonio o Guardião de Santo Ângelo – Parte I (O nascimento), publicado em......) busca regressar com sua família e riquezas para a Espanha, porém, a fragata Nuestra Señora de las Mercedes em que estavam abordo, foi canhonada por navios ingleses e  naufragou; e deste naufrágio sobreviveram apenas Carlos e seu pai, sua mãe e seus 8 irmãos morreram assim como toda a fortuna conquistada por seu pai ao longo de 30 anos no Vice-Reino do Rio da Prata. 

O ocorrido deu-se na costa portuguesa, já próximo a Cádiz na Espanha, quando algumas fragatas britânicas se aproximaram inesperadamente. Na época, Espanha e Grã-Bretanha gozavam de relações pacíficas, o que fez com que o capitão espanhol, ficasse confiante, porém para surpresa e indignação dos espanhóis, um dos capitães ingleses insistiu para que o navio espanhol permanecesse como presa - junto com sua tripulação - da Coroa britânica. Incapazes de acreditar no que ouviam, os espanhóis decidiram enviar uma delegação em um barco para negociar e esclarecer possíveis mal-entendidos. Como os ingleses viram que o navio espanhol, em vez de aceitar a intimação, parecia atrasar o prazo, eles responderam com uma salva de “anjos” (balas de canhão ligadas por elos) ou balas incendiárias (aquecidas em brasa). Uma dessas balas atingiu o paiol de pólvora do navio espanhol que voou pelo ar. O jovem Alvear, salvando-se do acidente, então com 16 anos, viu a mãe e seis irmãos morrerem junto com outras 240 pessoas.

Esta provocação, levou dois meses depois à declaração de guerra da Espanha a Grã-Bretanha. Os britânicos levaram os sobreviventes para a Grã-Bretanha em sequestro. Lá, Diego de Alvear, pai do jovem Alvear, conheceria a irlandesa Luisa Rebeca Ward, com quem se casaria novamente três anos depois. No final de 1805, pai e filho voltaram para a Espanha. 

Em 1807 ingressou na Brigada Real de Polícia (um corpo de elite) e participou da campanha contra a invasão napoleônica. Foi para Cádiz em 1809 e em poucos meses inspirado nas lojas da Maçonaria fundou a Sociedade dos Cavaleiros Racionais (Loja Lautaro), a que mais tarde se juntou José de San Martín, era um grupo secreto composto por revolucionários hispano-americanos, com o objetivo de coordenar esforços para estabelecer a independência das colônias espanholas na América e, com base nos princípios do liberalismo, estabelecer um sistema de governo republicano e unitário.

Retornou para o Novo Mundo em 1812, financiando seus projetos revolucionários. 

Na edição anterior, conhecemos as origens nobres de Alvear, exploramos o naufrágio o qual sobreviveu, e agora incutimos aqui parte de sua carreira militar e ações revolucionárias que ele maquinou. Se este cenário ainda não te és suficiente, leitor, para tornares este filho dileto (e esquecido) da nossa terra, merecedor de maior destaque em nossos torão, acompanhe a continuação na próxima edição.



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